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Nós poetas, dançarinos | Bruna Modesto

Continuo escrevendo sobre você, seja você o meu primeiro você ou o meu você atual. Todos os meus escritos são sobre vocês. Desde os incontáveis poemas, contos apaixonados, cartas e presentes feitos a mão. É tudo sobre você, seja lá qual você for. Poeta nunca escreve sobre si, poeta escreve sobre só.

Isso sempre será uma constante em minha vida. Toda pessoa que passar pelo meu coração, passará também pelas minhas palavras, e provavelmente continuará passando. Se eu pudesse dar um conselho a mim mesmo, diria para nunca namorar quem é poeta.

Digo isso porque seria difícil ler tudo depois de acabado, eu não aguentaria. Tamanha covardia! Prefiro mesmo é escrever, botar pra fora é melhor do que engolir tudo de novo. Fazer da mão o coração e mergulhar parágrafos adentro no papel.

As memórias virarão verso, as brigas virarão prosa, das viagens enredos, das dores desfechos e dos amores inícios-meios-e-fins. Tudo será eternizado em algum pedaço de papel, de pixel ou de trouxa.

Porque poeta é isso mesmo, faz da soma de todas as dores o produto de seus amores. Afinal, os poemas mais bonitos são feitos de dor, ele é o único sentimento que sobrevive pra contar a história. A dor que no peito bate em tons de cinza, no papel vira aquarela dançando entrelinhas.

Estamos presos nesse ciclo, mas a gente não se cansa.

Qual vai ser a próxima dança?

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