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Descobrindo meus preconceitos


A grande estranheza se dá quando percebemos que temos, sim e ainda, preconceitos. Assim, na lata. Quando nos damos conta de que somos seres humanos "errados e errantes", e que temos uma tendência natural de não gostar daquilo que é do outro. (Talvez porque, essencialmente, não gostamos de muitas coisas que são nossas.)

Parece que quanto mais tentamos desconstruir um conceito, mais vamos cavando buracos e abrindo espaços profundos do nosso ser que nos dizem: você ainda tem muito a aprender. Passamos a aceitar que ser gay é normal? Mas é difícil reconhecer um amigo gay. Reconhecemos um amigo gay? Mas nosso filho não pode ser! Nosso filho já pode ser? Mas, quem sabe, ele muda. Ele não vai mudar? Tudo bem, mas eu nunca seria. Cogito que talvez eu pudesse ser? Crio repulsa de mim mesmo. E assim vai...

Tudo isso compõe nosso mar de "isso pode, mas aquilo não". E tudo isso é velado. Sempre tem um "mas". E quanto mais nós vamos descobrindo o que é inaceitável, mesmo que passemos a aceitar, mais vamos nos deparando com milhares de outros medos. Usar a palavra "medo", neste contexto, parece fora de sentido, mas é a primeira gota de consciência que deve surgir em nós no processo do descobrimento: temos medo. Medo do desconhecido, medo do outro, medo de nós. E por esse medo não aceitamos. Não queremos, rejeitamos, somos do contra, brigamos, agredimos... E, dia a dia, vamos matando (às vezes só simbolicamente) alguém. Tudo isso por conta dos nossos preconceitos.

Mas é libertador admitir que não gostamos de algo. Poucas sensações no mundo se comparam à quando olhamos para uma situação através de outros ângulos e vemos que, sim, julgamos aquilo! Julgamos até a morte e defendemos nossos ideais sem muitas vezes nem conhecê-los em essência, e essa constatação nos desprende de muitas imposições que nos foram dadas desde os primeiros segundos de vida. Entender que talvez outro ser humano nos incomoda porque possui algo que não aprovamos já é um novo passo no processo de descobrimento, e questionar isso é a chave da questão. Por que? Por que ele? Por que eu? O que é? Desde quando? Isso me perturba por quê? O que ele tem que me ofende tanto?

Quando, enfim, pudermos destampar esses bloqueios, tornaremos nossos medos e preconceitos vivos e somente assim poderemos combatê-los. Mas só se quisermos - pois sem o desejo não há nenhum movimento de mudança. Então, desagasalhe-se! Permita-se compreender o outro a partir do seu próprio eu, e descubra um novo mundo. Tire a coberta do pré-conceito e vista-se somente com empatia. Admita seus erros, pois eles também fazem parte de você e são lindos! É lindo errar porque temos a oportunidade de voltar atrás. Indague-se, reflita e observe-se. Exponha suas inseguranças para que elas possam se dissipar e desvende-se da cegueira das acusações que nos ensinaram a fazer.

Descubra-se.

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